sábado, diciembre 23, 2006

Eu não quero entender. Estou satisfeita em sentir.

Eu não quero entender.
Estou satisfeita em sentir.
Debora Miron



Depois de dois anos distantes, quem diria que o sentimento fosse capaz de existir, sem se quer, uma só tentativa de demonstração ou manifestação durante todo esses meses. É verdade que em companhia do mar, descalça na areia, sentindo o vento gelado no rosto, meus pensamentos resgataram por diversas vezes os momentos mais maravilhosos de 2004 – nós dois sentados na praia, nossas tentativas de namorar, nossas frustrações. Mas o pior foi perder a oportunidade de ter vivido um grande amor.
Em 04 de novembro, eu estava onde jamais imaginei estar – no quarto dele. Depois de uma divertida noite como amigos, ou pelo menos, era isso que fingia ser, lá estava na minha frente o mesmo homem, e a mesma atração, que há dois anos, me fazia esquecer das distintas intenções e me remetia a não resistir as tentações do sexo.
Não foi preciso trilha sonora, não foi preciso uma palavra de permissão, pelo menos, prefiro acreditar que o silêncio nos sintonizou em uma única idéia - a de matar a saudade e a sede de voltar a amar.
Eu toquei a boca dele como senti ao mesmo tempo sua língua, quente, beijando os meus lábios e o tocando como se fosse a primeira vez, como se estivesse aprendendo a fazer amor, como se estivesse querendo descobrir cada pedacinho do meu corpo.


Havia um entrosamento perfeito, um carinho especial e mais que isso, um ritmo que a cada suspiro ou gemido, se fazia frenético, profundo e excitante.
Era maravilhoso sentir o peso do seu corpo, de novo, em cima de mim.
Era como se ele jamais estivesse esquecido dos meus segredos e do meu ponto fraco – os seios.
Não queria que ele tirasse de mim todo o líquido quente, não queria que este fosse o fim, ainda que para aplacar sua sede ou para satisfazer o capricho do êxtase comungado, meu gozo se fazia necessário, não esse que se espalhava dentro de mim, ou sobre minha pele, mas o cruel e quase sempre obrigatório descanso. Seus sussurros eram a minha certeza de que seria bom para ele também. Antes, era possibilidade, depois, era cumplicidade. Mas só o durante foi eternidade.
Enquanto todos dormiam, quem poderia imaginar que ali se acendia mais que o desejo de amar, se acendia a oportunidade que só o tempo pôde explicar.
Eu não quis entender. Estava satisfeita em sentir.

O tempo nos trouxe de volta todas as verdades, ainda mais, quando estas estão relacionadas com a curiosidade instigante de conhecer a sensação de voltar ao tempo sem precisar ser o que você foi há dois anos. Sem ser confusa, sem ser infantil, sem ser covarde e o mais importante, sem ser comedida. Porque quando o assunto é amor, a palavra comedida não pode fazer parte. É melhor se tornar inconseqüente. E assim fui.

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